Notícia

Governança Jurídica
Alessandro Manfredini – Artesania Comunicação Jurídica

Publicado em 7 de outubro de 2019


“A Excelência é responsabilidade que o sócio deve trazer para si”

Estrategista em 670 escritórios em mais de 20 anos, Lara Selem provoca sócios de escritórios por todo o país quando o assunto é Governança Jurídica.  “Quais são os limites dos advogados? Como evitar conflitos e cisões? Não esqueçam que energia, tempo, confiança, coerência na liderança e resultados financeiros vão estar em rota justamente pela falta da conversa entre todos”.

Presidente da Comissão Especial de Gestão, Empreendedorismo e Inovação no Conselho Federal da OAB, Lara também preside o Conselho de Administração do Instituto Internacional de Gestão Legal (IGL) – instituição que promoveu o I Legal to Business Connection, conferência online internacional sobre Advocacia, Gestão e Inovação.

Ao propor rupturas e traçar a Governança como um conjunto de processos, regulamentos, práticas e políticas, Lara traz princípios em tempos de profissionalização e da gestão mais racional na Advocacia. São eles:

Transparência – sócios de capital ou de serviços no escritório. As estratégias devem ser claras. Ainda que os sócios estejam unidos mais ao operacional e não propriamente à gestão, a informação precisa ser Transmitida;

Equidade – vale para a distribuição de lucro com mecanismos meritocráticos que permitam valores adequados. Serve para a equipe e até mesmo aos clientes. Saiba valorizar àquele na medida de sua participação;

Prestação de contas – sócios ou líderes de equipe, a regra é para Todos. A resposta deve ser dada sempre aos demais;

Conformidade – há deveres a Cumprir. Com a lei, fisco, OAB, políticas internas, condução contábil e até nos contratos com os clientes;

Sustentabilidade – compromisso pela Vida do escritório. O tempo não será o do sócio, mas da segunda geração. Serviços, estratégias mudam. A filosofia da banca deve imprimir um Legado.

Excelência

Em metodologia desenvolvida pela Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), baseado no Modelo de Excelência da Gestão, pontos como liderança, análise de desempenho, plano de futuro, trato com o cliente, relação com a sociedade, informação e conhecimento, sistemas e processos de trabalho, fornecedores, financeiros e dos resultados são levados em conta para impulsionar o desenvolvimento das instituições.

Ao líder, Lara evoca atenção para a cultura organizacional, das rotinas e disciplinas. “Estou ouvindo os interesses da minha equipe e clientes? Eu, sócio, possuo o olhar interno sobre a banca para acomodar ganhos?”. Das análises de desempenho, a advogada pontua o cuidado com a “temperatura da marca jurídica”, o que inclui atenção até para a felicidade dos colaboradores e sócios de uma banca.

A excelência está no plano de futuro, do sócio saber os caminhos para o escritório atingir um novo patamar. Isto engloba o trato com o cliente. “Conhecer com propriedade o meu nicho e mercado, ter foco e olhar assertivo irão favorecer exatamente o meu relacionamento com o cliente. Eu vou saber dialogar com ele”.

Das relações internas, as pessoas têm sistemas de trabalho. Sócios, advogados associados, sociedades unipessoais, advogados empregados, além de todo o staff. Sócios precisam promover capacitação e qualidade de vida. Dos processos de trabalho, Lara analisa sobre as cadeias de valor, dos prazos, a comunicação com clientes, fluxos e conduções. “Estou deixando uma marca na mente dos clientes?”, indaga. Os cuidados avançam para as relações com fornecedores (apenas compra e entrega?), e chegam aos processos financeiros, como explica. “Os honorários, pagamentos de contas, tributos, fluxo de caixa, orçamentos, distribuição de lucros: há padrão?”.

Resultados

Ao chegar na ponta, com a materialização em números, sócios devem medir os impactos aos clientes e mercado. Isto é medido pela qualidade das entregas ao cliente – tempo de entrega de uma peça, por exemplo –, mas também nos resultados alcançados com as pessoas internas. Na aprendizagem ao longo de 1 ano, avanços em performance, tempo de resposta ou mesmo na produção intelectual da equipe jurídica.

Instâncias

Como um grande organismo, as instâncias da Governança dos escritórios envolvem um conselho. São ali as decisões de futuro, ações indevidas ou mesmo exclusões de um sócio, nada escapa. Coordenadores das equipes jurídicas devem prestar contas ao conselho, como reforça Lara. “Um sócio deve estar na Controladoria, coordenando os trabalhos dos Controllers; um sócio é necessário para as Relações Institucionais do escritório, o que inclui Networking, Marketing Jurídico, o Comercial, entre outras esferas”.

A Governança exige ações e escolhas ao advogado que decide formar uma sociedade, como resume a especialista. “Não há mais espaço para a atuação apenas no operacional. A excelência, a competitividade, a inserção no mercado e a credibilidade são responsabilidades que o sócio deve trazer para si”.

Instituto Internacional de Gestão Legal
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