Notícia

Advocacia africana em reinvenção
Alessandro Manfredini – Artesania Comunicação Jurídica

Publicado em 7 de outubro de 2019


Crescimento em Moçambique exige advogado multidisciplinar

Moçambique. País africano que, ao conquistar a sua independência de Portugal apenas em 1975, teve a única universidade de Direito e todos os escritórios de advocacia banidos de exercerem atividades por 11 anos. “A Advocacia foi considerada incompatível com a Justiça em nome do povo de Moçambique”, conta Tania Waty, advogada e parte integrante de uma terra em construção. “A exploração do gás e petróleo agora trazem uma urgência junto às instituições públicas nas administrações de contratos com as multinacionais. Podemos criar novos elementos na Justiça e na Advocacia Moçambicana, termos uma vocação própria e irmos de encontro às necessidades reais deste país”.

Da nação comunista e mergulhada na guerra civil até a nova constituição em 1990 e a consolidação do estado democrático e dos direitos fundamentais, a Advocacia trilhou a passos largos. Hoje são 30 universidades, entre públicas e privadas, e mais de 400 licenciados em Direito por ano em Moçambique, em um total de 2.062 advogados, espalhados em 154 sociedades de advogados, além de 348 juízes. Para 28 milhões de habitantes, números especialmente baixos em comparação com outros países de língua portuguesa, como o Brasil ou Portugal. “São dados em crescimento e, ainda assim, já existe um movimento de reavaliação dos cursos de Direito em Moçambique voltados no preparo para o mercado e na qualidade dos serviços prestados aos clientes”, analisa.

Advogados

Moçambique

População: 28 milhões / Advogados: 2.062

Portugal

População: 10 milhões / Advogados: 32 mil

Brasil

População: 210 milhões / Advogados: cerca de 1,2 milhão

 

Qualidade

Palestrante na última semana do I Legal to Business Connection, conferência online internacional sobre Advocacia, Gestão e Inovação, Tania representou o continente africano, região que reúne 54 países, de complexidade política, legislativa e jurídica. “A África também discute o pensar local e global. Aqui em Moçambique, existe um mercado exigente, competitivo e clientes cada vez mais atentos sobre qual o papel do advogado”. Para ela, a qualidade passa por elementos fundamentais como formação, produção doutrinária, especialização e dedicação exclusiva do advogado.

“É preciso compreender as peculiaridades do país. Saber que em Moçambique existem áreas sem energia elétrica para atuar na profissão e, mesmo assim, conhecer os avanços tecnológicos e da inovação oferecidos no exterior”, comenta a advogada, ao ressaltar a atualização constante do olhar jurídico, e do “estar à frente” como um esforço recompensador - pontos que irão imprimir o conceito da multidisciplinaridade no advogado.

“A visão administrativa e de marketing do negócio promovem saídas do mundo jurídico e soluções transversais. É quando o advogado passa a ser gestor do seu tempo, assimila a inovação e atinge até a redução de custos, temas válidos para a Advocacia de qualquer lugar”.

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